sábado, 5 de maio de 2012

Curso Natural


Um dia aprendemos a árdua lição de que a vida é repleta de chegadas e partidas.
A cada partida, há uma nova chegada.
Talvez você não acompanhe, talvez seja protagonista da lição,
talvez você seja aquele que chega, ou o que parte.
Conforme o tempo passa nos aprimoramos mais e mais.
É impossível permanecer no mesmo lugar sempre, com as mesmas pessoas
e a mesma vidinha pacata de sempre.
A não ser que você definitivamente não mude.
Há a partida por escolha. Onde decidimos ir embora por algum motivo.
Temos opção de escolha. Decidimos não andar mais com as mesmas pessoas,
buscar novos lugares, novos horizontes, novas chances de aprendizado.
Há a partida natural. Onde não está no nosso controle.
Mudamos de amigos e lugares por princípios, por falta de tempo, por conveniência.
 Às vezes nem notamos essa partida, mas notamos na chegada.
Chegada geralmente é mais alegre, ao menos para quem nos recebe.
É alguém a mais, algo para acrescentar, uma nova história, uma visão diferente.
De partidas e chegadas é feita a vida. Você pode confirmar com uma olhada ao redor.
Quem está do seu lado hoje? Aposto que essas pessoas não são as mesmas de épocas atrás.
É o curso natural da vida. É a mudança que bate à porta e grita em alta voz.
É a chance de amadurecimento. É a tal zona de conforto ficando para trás. Bem atrás.

Mudanças

Essa inconstância, esse medo de amadurecer, esse apego ao passado. Tudo isso está escorregando rapidamente pelos meus dedos. E não dá tempo de segurar isso novamente, não mais. É preciso ficar esperta pra agarrar com firmeza tudo o que está chegando e caindo direto em minhas mãos. Elas não podem estar abertas tentando resgatar o que já não tem resgate.
O ponto é que eu já nem sei mais o que é comodismo ou zona de conforto. Meus amigos antigos explodiram, foram um pra cada lado, viver suas vidas. Minha escola já não é mais minha. Meus compromissos são outros, minha agenda vive cheia, meu tempo ocioso me mata de tédio. Eis que não tenho mais motivo algum para me apegar tanto ao passado.
No caso, tudo está mudando. Meus antigos sentimentos, minhas prioridades, meu foco. Já disse umas trezentas vezes nesse blog sobre mudanças. E parece que o mundo continua girando e me pedindo pra girar junto. São mudanças que não acabam mais. Hoje mais forte, mais determinada, menos chorona em alguns aspectos, mais segura em outros. Me desespero menos, converso menos, vivo menos fora da realidade. Meus pés estão no chão e minha cabeça está descendo das nuvens. Não tem mais nada que me agrade em suposições, em possibilidades inexistentes. Eu já não tenho mais motivos pra nenhuma dessas besteiras de se prender ao que não existe, ao que nunca vai existir. Passei muito tempo da minha vida me prendendo a pequenos fatos inúteis, a conversas sérias demais, ao que me desagradava. Eu não sabia fugir dessas situações, não sabia como era viver sem sentir dor. Aí um dia eu descobri, eu vivi um dia inteiro sem sentir pontada alguma de sofrimento. Após um tempo eu consegui dois dias, três...uma semana. E quando a dor voltou eu me desesperei. Fiquei com medo de que tudo que eu havia conseguido me livrar tivesse me sufocado novamente. Mas eu respirei, levei um pouco de tempo, olhei ao redor e vi que nada havia mudado. Aquela realidade excruciante estava tão longe de mim, quase como se fosse um filme do qual eu não participasse. Eu simplesmente consegui parar de chorar e seguir em frente. Mais uma vez com meu sorriso, com minhas decisões firmes. Ainda sinto um pouco do que era passado. Mas hoje e agora eu tenho a certeza de que já não tenho toda aquela ansiedade, todos aqueles sonhos extremamente complexos. Não tenho mais nem as mesmas verdades de tempos atrás. O que permanece é a vontade de sempre haverem dias melhores. Chega de me prender ao que não se prende por mim, de procurar vestígios de algo que não existe mais, de fazer birra pra Deus e o mundo por não querer crescer. Tá na hora e pronto. Vou crescer e o resto nem posso dizer que se exploda, já explodiu. Só eu não tinha notado antes.

Bárbara Armino